14 de março de 2013

Duas e quarenta e três

Talvez não sejam só coisas más.
Não seja um constante sentimento de vazio, de insuficiência, de impotência, de cegueira, de distância.
Não.

Talvez seja mais que isso.
Talvez seja o espaço para respirar e planear, sentir a saudade que só chama quem importa, perceber a ausência de detalhes em que mal havíamos reparado.

Há espaço para mais.
Para entender a vontade que permanece depois de quase esquecido o toque, de conversar mais, de conhecer mais, de compreender mais.

E de ceder mais.
Porque o que te faz entender é o braço que, constantemente, dás a torcer.
Sem dor, mágoa ou ressentimento. Sem pedido.
Com vontade. E com amor.

A distância levou-nos por caminhos que provavelmente não teríamos percorrido na presença.
Por caminhos onde, quase sozinhos, os planos se desenham, ao sabor das convergências e divergências, do desejo de ter, do desejo de proteger, do desejo de ser protegido, do desejo de se ter ao lado alguém querido. Um amigo. Um confidente.

Provavelmente, se cá estivesses, já eras passado.
Uma cama quente, umas semanas perdidas, mas agradáveis.

Talvez ainda fosses a melhor pessoa que conheço ou pensei conhecer.
Porque conhecer-te, só percebi mais tarde, havia de ser muito mais difícil que o parece.
Conhecer-te exige o tempo de quem se dedica a abrir aos poucos um cofre fechado a sete chaves.
Conhecer-te exige a simplicidade de espírito necessária para desconstruir o complexo.

Talvez ainda fosses o melhor homem que passou pelas minhas mãos.
Mas não serias o homem da minha vida. O que me fascina, cativa, reconquista entre os altos e baixos.
Porque isso... Isso só o foste realmente depois de eu te conhecer e compreender.
Como sei que nunca mais outro alguém o fará.

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