5 de abril de 2013

Uma e quinze

O sol raiava o dia e o sangue raiava-me os olhos.

Ninguém compreende quem não sentiu o mesmo que nós.
A dor nas escolhas, na consciência. O orgulho de sobreviver com a cruz às costas.
O cansaço.

As noites revoltas na cama, os dias mortos, o corpo amorfo.

A necessidade da adrenalina. Do bater do coração.
Dos erros desejados, dos perdões impossíveis, dos objectivos inalcançáveis.

Da carne. Do sexo. Do corpo marcado.
Da cama, do chão, do canto qualquer onde um grito de prazer afoga os gritos de dor que a alma carrega.

Por mim podia ser até num beco fedido.
De qualquer maneira, já estou fodida. E é tudo o que me apetece ser agora.

É o meu último consolo.

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