15 de abril de 2013

Uma e vinte e dois

Comprei um maço de tabaco.

Sentei-me na mesa mais próxima da máquina plantada naquele café mal iluminado. Abri o maço, tirei um cigarro e passei os meus dedos nele. Brinquei com aquele frágil vício por entre os dedos enquanto me debatia com o caus que se havia abatido sobre mim.

Chamei o empregado que limpava o balcão para matar o tempo.

- Não servimos à mesa.
- Não é que esteja demasiado ocupado para o fazer. Traga-me um whisky.

Reclamou entre dentes, mas veio.
Pousou o copo na mesa, paguei com uma nota.

- Fique com o troco.

Passei os dedos no bordo do copo. Fiquei assim por meia hora.
Levantei-me com o copo cheio. O maço de tabaco abandonado em cima da mesa.
Levantei-me e saí com aquele mero cigarro entre as mãos.

Observei a maneira como o ia fazendo girar entre os meus dedos enquanto seguia pelo passeio naquela noite fria.
Cessou o bater dos saltos na calçada. Tinha o cigarro na palma da mão.

"De qualquer modo também não tens lume."

Desfiz o cigarro na mão antes de a abrir para o libertar ao mundo.
Nunca fumei. Nem gosto de whisky.

1 comentário:

Sue disse...

Um livro ou um diário? Ou ambos? :)