É como um calafrio.
A pele arrepia-se e falta-te o ar sem que saibas bem porquê.
E logo de seguida passa e sentes o coração um pouco mais quente.
É assim que sabes que é o destino.
Que pelo menos neste momento estiveste no sítio certo à hora certa.
Não sabes como nem porquê ou sequer o motivo pelo qual te sentes assim.
Provavelmente nem foi tudo perfeito.
Podes apontar o que podia ter sido melhor.
Mas o teu estômago cria borboletas e o teu corpo leva-te sem que o possas controlar.
Tu lembras-te. E reajes.
Tens as bochechas e os lábios quentes.
Estás leve, muito embora tenhas um turbilhão dentro de ti que te faz apertar uma perna contra a outra involuntariamente.
Tu não sabes.
Manténs uma luta interior que te tira o sono em busca de algo que te ajude a perceber porque mexe tanto contigo.
Mas sabes que tem de ser. E vais. Mesmo sem saber porquê.
10 de outubro de 2018
21 de julho de 2018
Zero e desasseis
Ela vai buscar inspiração ao fundo do poço.
Mergulha e afoga-se em busca das moedas dos desejos.
Flutua.
Alva.
Olhar inerte fixo em coisa nenhuma.
Foi o mais próximo que esteve de voar.
Mergulha e afoga-se em busca das moedas dos desejos.
Flutua.
Alva.
Olhar inerte fixo em coisa nenhuma.
Foi o mais próximo que esteve de voar.
20 de julho de 2018
Vinte e três e cinquenta e dois
"O que é que aconteceu?"
Um planalto.
Toda a minha vida fui alpinista.
Escalei montanhas em busca de sonhos como quem salta de nuvem em nuvem. Até que os sonhos se transformaram em névoa e desfizeram-se entre os meus dedos.
As nuvens fizeram-se rocha maciça, as mãos fizeram bolha, os pés calejaram e os joelhos arranharam. O fácil tornou-se desafiante e aos poucos subi.
Quase lá no cimo percebi. Aquela não era a minha montanha.
"Mas qual?"
Nunca soube. Eu não sei.
Mas arrisquei.
Escalei, escalei, cai, tropecei, sangrei, quebrei, escalei.
Ganhei feridas e cicatrizes, fiz do corpo manta de retalhos e ergui-me. Tentei.
"O que é que aconteceu?"
Eu pensei que estava quase, que as feridas já não ardiam, que a escarpa era firme e o fim estava quase lá.
O sol confortava-me o corpo, iluminava-me o sorriso. E tu! Tão perto!
"O que é que aconteceu?"
A lua brilha fria sobre a ravina.
O corpo deitado sobre o solo gelado.
Imóvel, mutilado, sem saber quanto tempo para a força voltar.
Um planalto.
Na berma uma silhueta com um braço esticado, uma mão aberta, corpo corcovado.
"O que é que aconteceu?"
"Não me ias ajudar?"
Quebraste-me. E eu só te quis concertar.
Um planalto.
Toda a minha vida fui alpinista.
Escalei montanhas em busca de sonhos como quem salta de nuvem em nuvem. Até que os sonhos se transformaram em névoa e desfizeram-se entre os meus dedos.
As nuvens fizeram-se rocha maciça, as mãos fizeram bolha, os pés calejaram e os joelhos arranharam. O fácil tornou-se desafiante e aos poucos subi.
Quase lá no cimo percebi. Aquela não era a minha montanha.
"Mas qual?"
Nunca soube. Eu não sei.
Mas arrisquei.
Escalei, escalei, cai, tropecei, sangrei, quebrei, escalei.
Ganhei feridas e cicatrizes, fiz do corpo manta de retalhos e ergui-me. Tentei.
"O que é que aconteceu?"
Eu pensei que estava quase, que as feridas já não ardiam, que a escarpa era firme e o fim estava quase lá.
O sol confortava-me o corpo, iluminava-me o sorriso. E tu! Tão perto!
"O que é que aconteceu?"
A lua brilha fria sobre a ravina.
O corpo deitado sobre o solo gelado.
Imóvel, mutilado, sem saber quanto tempo para a força voltar.
Um planalto.
Na berma uma silhueta com um braço esticado, uma mão aberta, corpo corcovado.
"O que é que aconteceu?"
"Não me ias ajudar?"
Quebraste-me. E eu só te quis concertar.
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