19 de fevereiro de 2013

Vinte e uma e treze

Bato a colher na chávena depois de mexer o café, antes de a pousar no pires.

- Sabes... Eu não sou como as outras. Não estou à procura de um príncipe encantado nem preciso de um homem que me salve. Pelo contrário. Quero um homem que me leve à perdição. Que saiba mexer comigo ao ponto de eu me perguntar quem sou. Que me faça quebrar barreiras. Que me trate como uma mulher, não como uma criança. Os príncipes encantados deviam ser o pai de meninas, não o amante das mulheres.  

Calo-me por um segundo, perscruto-te o olhar. Dúvida, curiosidade, provocação.
Não te dou tempo para questionar.

- Dá-me um beijo, paga a conta e vamos embora. É a última oportunidade que te dou.

12 de fevereiro de 2013

Dezassete e trinta e sete

Parece-me noite.

Não sou grande apreciadora de vinho, mas provavelmente não recusava um copo se mo oferecessem.
Talvez fizesse a espera parecer mais sofisticada. Ou mais desesperada.
Talvez dependa do valor do nome da garrafa. Cara para uma dama requintada, barata para uma bêbeda desamparada.

Não. Esta é uma tarde propícia a velas vermelhas e a lâmpadas desligadas.
Desligar a televisão, o telemóvel, ligar o rádio e fechar os olhos.

Continuo à espera, mas espero sóbria. Calma.

Afogo-me nos lençóis em busca do teu aroma há tanto tempo apagado.
Hás-de chegar.

Um dia.