6 de maio de 2013

Vinte e três e quarenta e dois

É fácil sentir o fim.
Ele vem e deixa rasto antes mesmo de se firmar.

Como alguém que se aproxima ao longe e tem um cheiro demasiado forte para passar despercebido. Um aroma tão fétido que cria repulsa a toda a gente, mas a que o desgraçado premiado para o ver sentar-se a seu lado não pode fugir.

É o fim. O insuportável fim de que fugimos que chega.

Eu já o tinha sentido antes. Ténue, mas igualmente repulsivo.
E sabia que me tinha dado a mão no dia em que me obriguei a roubar-te um abraço.

O derradeiro fim.
Aquele que dói e que massacra, que reduz o tamanho do mundo ao canto escuro onde me aninho e choro. E canto.

Sing me a
Lullaby 
You can't sing,
But give it a try

Stay with me,
Without you I'll die
Take me into your wings
Teach me how to fly

Miss you so bad
Where are you now?
Got to see you once more
But don't know how.

The silence you gave me,
It sounds too loud,
So don't leave me alone
In the middle of this big, huge crowd

That it's the world
Tonight

Não me lembro bem de ti.
Não me lembro do teu cheiro nem do toque da tua mão, com que cheguei a sonhar.
Não me lembro do porquê de me fazeres rir, apesar de me lembrar das palavras.
Não me lembro do que me assolava em ti e muito menos do que te fazia ser especial.

Lembro-me de cantar.
Lembro-me de ilustrar a tua partida.
Lembro-me de chorar, sem me lembrar da dor.

Mas lembro-me da letra que me acalmou.
Da letra que cantei a quem quis acalmar.
Do dia em que reapareceste e não ta cantei.

Já não eras suficientemente importante.
Deixaste de o ser quando fui forçada a abraçar-te.

1 comentário:

Luis Dias disse...

escreve que eu leio